segunda-feira, 17 de agosto de 2009

CÀ ESTAMOS

São 16:30 horas de um dia qualquer passados que são quase dois anos. O sol continua a chegar e a ir-se, indiferente. Os dias também, incansáveis. A sombra derrama-se preguiçosa nas pedras da calçada irregular, ainda quente. Vai levar algum tempo até que a pele dos pés, nus, possa pisá-la sem sobressaltos. Vou demorar mais do que o previsto. Como fui esquecer que a esta hora seria como fazer o caminho por Ele. Nem parece meu! ... E o sonho fica adiado por mais umas horas, ou menos. Sentado ali, sinto escorrer, agora daqui ora dali, inúmeras gotas de suor, enquanto o horizonte, na ponta da rua, treme, ardendo, sufocante. Há uma fronteira no tempo ou no espaço, ou no ar … Na água fresca que molha a garganta daquela gente que esparramada nas cadeiras da esplanada vem de longe á procura dos últimos resquícios do paraíso perdido. Ei!, olha ali o contraste naquela parede. Até parece que se percebe a frescura na sombra enquanto, ao lado, o branco se torna incandescente, lambido pelo sol. Fogo!. Como é que esta malta vive aqui uma vida inteira?! Talvez sem pressas. Sem toda essa urgência vertical de que te queres livrar vindo até cá… Prestes o sol vai para trás daquela empena e a vida, aos poucos, recomeçará.

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